A percepção de que a produção da PACE, guiada por seu mentor Felipe Matayoshi, transcende a criação de vestuário e se aproxima de uma expressão artística, orientou as decisões de projeto para a seu primeiro espaço físico, a PACE FLAGSHIP STORE no bairro dos Jardins em São Paulo.
A proposta se posiciona entre a museografia e o ambiente comercial tradicional e a lógica de expor as peças de roupa como se fossem obras em um museu é uma maneira de aproximar o lugar dessa produção singular.
Além dessa premissa estava claro que a proposta deveria estabelecer em desenho um diálogo com a produção da marca se valendo de apropriações e uso de materiais que a PACE já apresenta em suas roupas.
A grande vitrine de vidro no nível da rua expõe apenas uma peça que sustentada por um cabo de aço ligado à um rotor de baixa velocidade gira o conjunto 360 graus exibindo o produto escolhido para ganhar destaque junto ao transeunte da calçada. Um conjunto de outros quatro cabos de aço dessa vez com maior calibre trabalham como tirantes que estabilizam um plano de luz suspenso e que tem por função iluminar por baixo à peça destacada.
Existe uma razão para o uso do cabo de aço em várias decisões de projeto. A PACE registra sua identidade quando vincula o material ao seu vestuário de maneira diversa. Isso acontece também com um pin metálico redondo e que no projeto da loja foi replicado em maior tamanho para ser usado como puxadores das portas.
A intervenção no imóvel existente fez com que o projeto fosse criando distintas zonas de compreensão e contato com o produto PACE.
A subida de nível após a entrada no espaço conecta o pavimento principal que expõe o visitante à ambientes com variação de pé direito. O passeio termina em um fundo de loja potencializado pela generosa abertura zenital e pela presença de uma surpreendente árvore pré-existente à intervenção. É nesse contexto que o projeto escolhe exibir quase que a totalidade das peças da coleção.
A exceção fica por conta de uma redoma com geometria circular, parcialmente enclausurada e desenhada por uma cortina semitransparente destacando o restante da produção. Existe aqui um outro momento que aproxima o espaço aos museus e suas salas de exibição.
Vale o destaque para um painel de led que usa uma câmera de captação de movimento para exibir o passeio dos visitantes fomentando ainda mais a interação com a marca.
O projeto também desenhou outros dois níveis existentes no imóvel que recebem o CAFÉ PACE. Dirigidos pelos talentos de Yasmin Yonashiro e Simone Xirata o espaço prioritariamente desenhado com objetos feitos a partir de madeira reflorestada, funciona como uma extensão da experiência dos frequentadores que desde o mezanino proporciona uma vista privilegiada do espaço principal da loja além de convidá-los a desfrutarem do café servido em um dos terraços disponíveis.