Projeto

Casa Maikai

Vencedor do Prêmio Arte Ambiente 2019.

A casa Maikai é um projeto desenvolvido no litoral sergipano, no município da Barra dos Coqueiros, zona metropolitana de Aracaju, para atender as demandas da família do cliente, um engenheiro calculista de estruturas metálicas.

Para a solução desse projeto, o escritório de arquitetura buscou a utilização do aço em conjunto com técnicas e materiais de construção industrializados, reduzindo o desperdício de recursos através de uma execução a mais limpa possível, com baixa produção de entulhos e perdas de materiais. Assim, o projeto previu o desenho de componentes que deveriam chegar prontos à obra como painéis de brise, esquadrias, estantes de aço, sendo acoplados à matriz da estrutura metálica. Além dessas peças, foram utilizadas outras soluções para reforçar o caráter industrial: partições internas em dry wall, pisos industriais em granilite, forros em gesso acartonado e painéis de OSB. Parte da obra foi executada de forma convencional, já que a região onde a casa foi construída não oferece uma gama completa de acesso às técnicas e materiais de origem industrial.

Essa residência traz a racionalização construtiva para um contexto tropical a partir do uso de grandes planos de sombreamento (principalmente nas faces poentes) em associação a quebra-sóis e materiais porosos (telas, elementos vazados, divisórias internas permeáveis) que pudessem garantir a livre circulação de ar tão necessária à uma residência nordestina. O projeto foi desenvolvido a quatro mãos, em um processo de continua colaboração conceitual e técnica com o escritório especializado em cálculo de estruturas em aço (Almeida Oliveira Engenharia de Estruturas Metálicas) desde a sua concepção estrutural até os pormenores de apelo arquitetônico como brises, puxadores de portas, luminárias em chapas dobradas, estantes, guarda-corpos e mobiliários que exploram a esbeltez do aço, revelando a delicadeza com a qual esse material pode ser apresentado em contraponto à robustez de seu caráter estrutural.
A casa se volta predominantemente para o nascente buscando aproveitar ao máximo a brisa marinha que cruza a edificação até encontrar o jardim posterior. Para aquelas janelas das fachadas laterais mais expostas às intempéries foram previstas golas de concreto que as protegem contra a incidência direta do sol poente, chuvas de vento e que auxiliam na captação da ventilação predominante Leste e Sudeste. Apesar de explorar técnicas e materiais da construção civil mais industriais o desenho dessa residência busca uma volumetria que remete a uma casa tradicional colonial nordestina ou mesmo a construções vernaculares típicas de pescadores dessa região litorânea, com seu telhado dividido em águas cobertas com telhas cerâmicas capa e canal. O uso desse tipo de cobertura associada a uma série de recursos projetuais que garantem um bom desempenho climático da residência evoca boas práticas arquitetônicas das nossas construções coloniais e modernas, principalmente aquelas frisadas pelo professor Armando de Holanda no seu “Roteiro para Construir no Nordeste”: criar uma grande sombra, recuar as paredes perimetrais, vazar os fechamentos, proteger as janelas, permitir a abertura de portas protegidas do sol e chuva, tornar os espaços livres e contínuos, construir com uma seleção reduzida de materiais e integrar a arquitetura com a natureza são diretrizes colocadas pelo professor que podem ser observadas nesse projeto que elogia a nossa herança arquitetônica através de um desenho contemporâneo.

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